A clínica psicanalítica winnicottiana diante da medicalização da infância: possíveis conflitos e impasses
2017
O termo medicalizacao designa processos que transformam artificialmente questoes nao medicas em problemas de ordem medica. Trata-se de uma reducao a esfera individual e biologica de problemas sociais, politicos e economicos. A medicalizacao da infância consiste no processo de patologizacao dos mais variados comportamentos das criancas reduzindo a possiveis deficits neuroquimicos a origem destes. A partir desta premissa, a intervencao medicamentosa passa a ser considerada a principal estrategia de tratamento e fatores ambientais que podem concorrer para a origem do sofrimento da crianca sao relegados ao segundo plano. A psicanalise de orientacao winnicottiana compreende as manifestacoes comportamentais das criancas como possiveis pedidos de ajuda que exigem uma completa investigacao de seu desenvolvimento emocional em constante interacao com o ambiente que a circunda. O objetivo desta pesquisa residiu em tecer consideracoes a respeito da pratica psicanalitica com criancas diante de um cenario medicalizado. Para tanto, elaborou-se entrevistas com quatro psicanalistas para que estas pudessem discorrer a respeito de seu exercicio clinico com criancas, destacando possiveis conflitos e impasses entre a pratica psicanalitica e o discurso da medicalizacao da infância. As informacoes coletadas foram analisadas de acordo com o metodo psicanalitico e foi possivel destacar que o manejo ambiental representado pela busca constante de dialogo com os atores que compoem o universo da crianca, alem da valorizacao e resgate do saber parental constituem estrategias de resistencia frente aos impasses originados pela logica medicalizante. Por se tratar de pesquisa qualitativa, os resultados encontrados nao sao passiveis de generalizacao e, neste sentido, sugere-se novos estudos a respeito deste tema
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