FACULDADE DE MEDICINA DA UFRJ: MEMÓRIA INSTITUCIONAL E SUA RELAÇÃO COM A ATUAL COMUNIDADE ACADÊMICA

2017 
Estudar o passado institucional atraves de seu patrimonio artistico permite construir um discurso sobre a propria historia da Instituicao. Obras que escreveram o percurso da Faculdade de Medicina da UFRJ permitem entender esta historia institucional em sua relacao com outras historias de unidades que hoje integram a UFRJ e recuperar momentos da construcao desta Universidade nos seus 100 anos. Apresentamos um inventario preliminar da pinacoteca da FM - retratos de docentes em “oleo sobre tela” - e as potencialidades de pesquisa a partir da identificacao dos autores dessas obras - professores da Academia de Belas Artes, origem da atual Escola de Belas Artes da UFRJ. A identificacao dessa relacao academica permite discutir aspectos da historia comum dessas unidades e de como se desenvolviam essas relacoes. Dos 199 quadros catalogados pelo projeto desenvolvido pelo Centro de Documentacao Historica da Faculdade de Medicina (CEDEM), 38 sao da autoria de Augusto Jose Marques Junior (1887-1960) Professor da Escola Nacional de Belas Artes. O levantamento da producao ‘extra-universitaria’ dos retratados e dos artistas podera tambem iluminar as relacoes sociais mais amplas desses atores. Em levantamento inicial na Base Minerva/UFRJ sobre dois docentes – Domingos Jacy Monteiro (1852-1893), Professor de Clinica Psiquiatrica e Pedro Augusto Pinto (1882-1971), Professor de Farmacologia – observamos, alem da producao cientifica, uma producao literaria e atuacao politica que ilustram o papel social desses docentes e da faculdade. Domingos Monteiro, alem da tese de doutoramento -“Dos systemas penitenciarios e de sua influencia sobre o homem” (1875), publicou “Canto e soneto a memoria do poeta brasileiro Antonio Goncalves Dias” (1867) e presidiu a Provincia do Amazonas (1876-77). Pedro A. Pinto dissertou sobre “Causas que modificam a accao e o effeito dos medicamentos” (1917), editou o “Dicionario de Termos Medicos” e publicou “Os Sertoes de Euclides da Cunha, Vocabulario e Notas Lexicologicas” (1930). O acervo, que esta sendo recuperado por trabalho conjunto do CCS e da Escola de Belas-Artes - exceto os quadros localizados nos gabinetes de direcao - foi transportado da Faculdade de Medicina na Praia Vermelha em 1972 e permaneceu encaixotado na area semiconstruida do predio do Hospital Universitario por quase 20 anos. Grande parte do acervo permanece ainda em condicoes inadequadas que facilitam o ataque de fungos e cupins e, mesmo aqueles que estao nos gabinetes, sao expostos a variacoes termicas, incidencia de luz solar e umidade. As pinturas mostram graus variaveis de deterioracao e ate mesmo perda total do suporte, restando a moldura e o nome do retratado, como a do Prof. Joao Pizzarro Gabizo (1845-1904). Novamente, a Escola de Belas Artes e a Faculdade de Medicina escrevem sua historia comum. O trabalho conjunto de professores e alunos do Curso de Conservacao e Restauracao de Bens Moveis da EBA, e professores, funcionarios e alunos da Faculdade de Medicina atraves do Laboratorio Historia, Saude e Sociedade recuperam nao apenas este acervo, mas a construcao comum de uma identidade universitaria mostrando a recriacao permanente desta universidade centenaria.
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