DOCÊNCIA, ALTERIDADE E EDUCAÇÃO

Um dos caminhos possiveis para abordar a questao da alteridade,que tambem pode ser chamada de outridade, e comecar pelaquestao do eu, do individuo e do sujeito. Embora as expressoes “eu”,“individuo” e “sujeito” nao sejam sinonimos perfeitos, o modo comocostumamos entende-las e como elas se enraizaram em nossa culturae nossa compreensao parecem ter um ancestral comum: a filosofiado sujeito ou filosofia moderna. Percorrer entao o caminho quetem sua arrancada com as formulacoes iniciais da filosofia do sujeito,buscando aclarar alguns pontos e levantar algumas questoes, pareceum bom modo de tocar o problema de porque estas concepcoes autocentradassao ainda tao determinantes e arraigadas no discurso daeducacao e na experiencia do educar e porque a questao da alteridadepode soar de modo estranho e novo. Apos isso a abordagem sevolta brevemente para o giro linguistico operado dentro do pensamentocontemporâneo que confronta o tema das grandes narrativashistoricas impulsionadas pela nocao de progresso. Isso nao significadar as costas a historia, tanto que as amarras que ligam o pensamento ao mundo vivido passam necessariamente pelo debate despertadopela experiencia dos campos de concentracao e exterminio daSegunda Guerra Mundial. E diante deste cenario que se passa a abordagemdo problema da alteridade e da tensao existente entre alteridadee identidade. Num debate nao mais pautado por uma concep-cao espontânea ou naturalista de consciencia, mas considerando comoefeito de subjetivacoes, como producao da linguagem. Pretende-sequestionar se a nocao de alteridade pode, de algum modo, impactarde modo positivo os saberes e os fazeres atualmente em voga notrabalho dos educadores. Por fim pergunta-se pela especificidade darelacao entre docentes e discentes, fazendo retornar o tema da cultura,das artes, da formacao cultural e das complexas inferencias quepodem dai surgir. Isso abre a perspectiva para a relacao com a histo-ria, o passado e o tempo.