Freqüência de quadros gastroentéricos em aeronautas: pressuposta ligaçäo com toxinfecçöes alimentares

A compreensao da epidemiologia das toxinfeccoes de origem alimentar e a decisao de medidas de controle a serem tomadas dependem dos dados estatisticos provenientes de notificacoes. No brasil, essa estatistica e precaria, mas acredita-se que a incidencia dessas doencas seja bastante elevada. Alem disso, muito pouco se conhece a respeito de toxinfeccoes alimentares envolvendo aeronautas brasileiros. Durante os meses de marco e abril de 2000, 216 aeronautas foram entrevistados. A metade dos aeronautas (10) nunca apresentou problemas de gastroenterites supostamente provocadas por toxinfeccoes alimentares durante o exercicio de suas atividades profissionais. Desses profissionais, 67 (62 por cento), a maioria, tomavam algum tipo de cuidado realtivo a alimentacao. A partir do depoimento dos 108 aeronautas que tiveram gastroenterites, obteve-se um total de 163 casos. A maioria desses casos (77, ou seja, 47,2 por cento) teve como causa pressuposta a ingestao de refeicoes em pernoite. A segunda maior causa pressuposta foi relacionada a ingestao de refeicoes a bordo das aeronaves (70 casos, ou seja, 43,0 por cento). O periodo de incubacao observado nos casos variou de pouco menos de 30 minutos ate 48 horas. A diarreia foi o sintoma mais frequente (128 casos, ou seja, 7,5 por cento) seguido de mal-estar, colica, nausea, vomito e cefaleia. O tempo de duracao mais frequente das gastroenterites esteve na faixa de mais de 4 a 24 horas (68 casos; 41.7 por cento). Em 82 casos (50,3 por cento dos 163 casos) os aeronautas procuraram assistencia medica, precisando se afastar do voo em 56 deles (68,3 por cento). Muitos dos casos onde os aeronautas nao precisaram de afastamento, deveram-se ao periodo de inatividade do voo ou folga logo apos a instalacao do quadro clinico, sendo suficientes para a recuperacao. Mais pesquisas e programas de orientacao aos aeronautas sao necessarios.