Políticas de extensão em universidades privadas paulistanas: análise das práticas em psicologia sob o enfoque da psicologia social comunitária
2007
O presente trabalho objetivou investigar, a luz das metodologias participativas inerentes a concepcao teorica-pratica da Psicologia Social Comunitaria, a aplicacao social da Psicologia vinculadas as politicas do setor da extensao em universidades privadas no municipio de Sao Paulo. Tal pesquisa se justifica pelo crescente numero de profissionais que se formam em universidade do genero e que podem ou nao utilizar o espaco da extensao como um espaco de formacao diferenciada, critica e transformadora dos determinantes socio-historicos da sociedade. Buscamos utilizar a analise das politicas e das praticas no setor da extensao como lugar-sintese das crises institucionais de hegemonia e legitimidade em que passam as universidades de forma geral e as especificidades destas crises nas universidades privadas brasileiras.
Para tanto efetuamos entrevistas semi-estruturadas com os responsaveis pelo setor da extensao, professores de psicologia que realizam intervencoes comunitarias no setor e com professores do curso de psicologia como instrumentos da pesquisa. Realizamos analise dos discursos destes atores universitarios para refletir sobre os usos e significados que atribuem a estas praticas da universidade, organizada sob a egide das politicas neo-liberais de educacao.
Essa analise nos trouxe elementos de reflexao sobre como a universidade privada define sua funcao social: percebemos, nas entrevistas com pro-reitores, vice-reitores ou diretores da extensao, que a falta de formacao ou informacoes especificas sobre gestao social faz com que a maioria desses assumam a gestao da extensao como um lugar de assistencia comunitaria ou de marketing social. A ausencia de um discurso sobre extensao produzido na realidade do ensino privado, a falta de formacao especifica dos gestores de extensao, aliados a falta de autonomia institucional (na maioria das universidades pesquisadas o gestores nao tinha orcamento proprio para a area) e a falta de interesse das instituicoes em desenvolver atividades que nao tragam beneficios imediatos a vida financeira da instituicao foram os principais elementos que refletimos na analise do discurso dos gestores do setor.
Ja a analise dos projetos de extensao desenvolvidos por psicologos nos trouxe que a maioria dos professores que trabalham com projetos de extensao nao entende a area como lugar de transformacao social, mas de aplicacao pratica dos conhecimentos ja gerados pela sua ciencia, que ve na populacao atendida a possibilidade de aplicacao pratica de seus saberes, para beneficia-la ou assisti-la, mas sem envolve-la numa proposta ativa de transformacao social. O saber cientifico prevalece sob o processo de construcao dialogica do saber, no qual o aluno, em muitos projetos, so aplica o programa ja elaborado pelos professores responsaveis e a comunidade e entendida apenas como publico-alvo. Mostrando claramente que a Psicologia Social e seus instrumentos interventivos nao foram suficientemente consolidados nestas praticas universitarias
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