ÁGUAS SALGADAS: UMA GENEALOGIA DO PIQUENIQUE DO GINÁSIO SANTA CATARINA EM FLORIANÓPOLIS (1906 – 1918)

2013 
A natureza constituida de exuberante mata nativa, rios, lagos e mares forma o cenario da emergencia de uma atividade promovida pelos padres jesuitas do Ginasio Santa Catarina, instituicao privada de ensino secundario e masculino, inaugurada em Florianopolis, em 1906, como parte das estrategias republicanas de modernizacao do Estado de Santa Catarina. Trata-se do piquenique, pratica vista como pedagogica que contempla na relacao entre corpo e comidas, o contato com a natureza, os exercicios fisicos e diversao, no interior da Ilha de Santa Catarina. Neste artigo busca-se ler o convescote a partir dos pressupostos de Hanna Arendt acerca do diagnostico da condicao humana, caracterizado pela vitoria do trabalho nesta sociedade ocidental e globalizada e da sua categoria de “obra”. O recorte temporal situa-se entre 1906, o inicio dos convescotes pela cidade, e 1918, quando os mesmos contemplam todas as regioes, de norte a sul, leste a continente de Florianopolis. As fontes analisadas sao os Diarios dos Padres, fotografias, e Relatorios do educandario e jornais de epoca. A analitica aponta um tipo de pedagogia que, entre aguas salgadas, dos variados tipos de locais para banhos em contato com o suor dos corpos, e fabricada pelos padres-professores e consumida pelos alunos em um dado contexto historico. Parece que o “ animal laborans necessita da ajuda do homo faber para facilitar seu trabalho e remover sua dor” (ARENDT, 2010, p.217). Portanto, apresenta-se uma historiografia que interpreta o ritual do piquenique tanto como objeto fabricado quanto como instrumento do processo de fabricacao de outro objeto: o corpo escolarizado dos jovens.
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