Psicologia da Criança e do Adolescente: uma abordagem a partir da ética profissional
2004
convencimento, poderemos ser levados a pensar que tudo compreendemos e resolvemos, reduzindo a pessoa ao “todo social”, e falhando no alivio do seu sofrimento individual. No trabalho com adultos parece ser mais simples apercebermo-nos da sua unicidade, ja que melhor identificamos a forma como estes se expressam, bem como nos damos conta dos diversos habitos e rotinas que desenvolvem ao longo do seu desenvolvimento. Contudo, no que as criancas diz respeito, poderemos ser tentados, seja pelas maiores dificuldades de comunicacao, seja por nao conseguirmos assumir uma visao magica, dita infantil, do mundo, a mais depressa generalizarmos os problemas para os enquadrarmos em conjuntos sistematizados de sintomas que, por vezes, mais nao servem do que para reduzir a angustia do profissional. Outras vezes, poderemos ser tentados a interpretar a vontade dos “adultos” como o melhor para aquela crianca, ignorando as especificidades de cada uma delas, numa atitude que so nao pode ser apelidada de autista porque as suas causas nao estarao centradas na incapacidade mas sim na ignorância. As criancas nao sao adultos pequenos, pelo que o seu funcionamento nao pode ser avaliado por criterios semelhantes aos utilizados com os adultos. Logo, se a relacao do profissional de saude com a crianca desempenha um papel do mesmo nivel de importância que com o adulto, os principios que a devem orientar serao, necessariamente, diferentes. E disso que pretende tratar este artigo, ainda que o objectivo nao seja o de formular regras de actuacao, mas sim promover a reflexao sobre as diferentes questoes que se colocam no
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