Camelos também Dançam:Movimento corporal e processos de subjetivação contemporâneos: um olhar através da dança
2006
Este trabalho procura fornecer uma perspectiva sobre o corpo em suas relacoes com os
processos de subjetivacao e a cultura. Partindo da definicao de corpo como dispositivo, torna-se
possivel visualizar tanto suas inscricoes historicas, quanto suas possibilidades de resistencia.
Para alem da evidencia que o corpo assumiu em nossa contemporaneidade, buscam-se suas
condicoes de possibilidade e seus desdobramentos. Neste sentido, sao abordados alguns modos
de existencia referentes a distintos periodos da nossa historia ocidental. O foco recai sobre as
experimentacoes do corpo, na sua forca de criacao, tracando um percurso que nos mostra potencias
e despotencializacoes, capturas e linhas de fuga, e que culmina com as corporeidades
referentes a geracao dos anos 1980-90, para a qual o corpo como experimentacao parece ter
sido reduzido, na mesma medida em que ascendia a onipresenca de um corpo-imagem, que se
faz presente ate hoje.
De um modo geral, procura-se oferecer uma perspectiva da contemporaneidade que nao
nega a percepcao de um certo vazio que tomou conta da vida publica (nosso deserto), mas que
aponta para possibilidades de afirmacao do presente (e de uma dimensao politica deste), atraves
das experimentacoes corporais. E mesmo que se parta do corpo-imagem, reconhecendo toda a
espetacularizacao que dele e feita, procura-se ressaltar a multiplicidade para a qual os corpos se
abrem, atraves de determinadas qualidades de expressao, principalmente no movimento corporal
(em especial a danca contemporânea).
Do corpo cotidiano as linhas de fuga, ha ai um importante percurso, no qual muitos personagens,
que compoem o deserto, apresentam-se como tentativas de encarnar as imagens que
lhes servem de modelo. Com estes personagens assiste-se a configuracao do espetaculo da contemporaneidade,
seus modos de vida, sua heranca, seu conforto e suas insatisfacoes. Chega-se,
afinal, a desercao, encarnada por um personagem especifico: o Desertor. E ele que nos guia
pelo territorio da danca, com sua dor, sua mudez e sua gagueira, no interior deste deserto, apresentando-
nos procedimentos de desercao e de afirmacao. Descobre-se a danca como campo de
possibilidades a um corpo que, para alem da sua evidencia, encontra um devir-corpo, um corporar
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