ANÁLISE DOS EFEITOS TERAPÊUTICOS DO CAPE SOBRE A FISIOPATOLOGIA DA FIBROSE CÍSTICA

2021 
Introducao: A Fibrose Cistica (FC) e uma doenca genetica de carater autossomico recessivo causada por uma mutacao no gene Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator (CFTR), responsavel pela sintese da proteina CFTR, que atua como um canal de cloreto. O gene possui aproximadamente 2000 mutacoes conhecidas e todas elas afetam em algum grau a funcao da proteina, o que faz com que as manifestacoes fisiopatologicas tenham carater multissistemico, afetando principalmente os tratos respiratorio, gastrintestinal, reprodutor e endocrino. Atualmente, o tratamento da doenca no Brasil se restringe ao controle dos sintomas, contudo, ja existe no mercado um grupo de farmacos, conhecido como moduladores de CFTR. Esses farmacos agem diretamente sobre os defeitos da proteina CFTR e melhoram consideravelmente o quadro clinico e a sobrevida dos pacientes com FC, no entanto, seu alto custo e sua indisponibilidade no âmbito do SUS fazem com que seu uso ainda seja muito restrito no Pais. Sendo assim, e de suma importância buscar terapias alternativas seguras e de baixo custo para a FC e, nesse contexto, o CAPE (Caffeic Acid Phenethyl Ester) surge como um composto natural promissor. Objetivos: Avaliar as acoes do CAPE sobre a fisiopatologia da doenca e oferecer uma base solida para a realizacao de estudos laboratoriais e clinicos relacionando o uso dessas moleculas a FC. Metodologia: Foi realizada uma revisao integrativa da literatura por meio de buscas nas bases de dados PubMed e ScienceDirect utilizando, principalmente, os descritores “Natural Compounds” e “CAPE” associados aos descritores “Cystic Fibrosis” e "Inflammation", utilizando o operador booleano “AND”. Resultados e Discussao: Existem poucos estudos que relacionem o CAPE especificamente a FC, o que torna nossa analise restrita a associacoes entre propriedades do composto e fisiopatologia da doenca. O CAPE apresenta efeitos anti-inflamatorios que podem ser beneficos para a FC, por meio do bloqueio da atividade da 5-lipoxigenase com liberacao do acido aracdonico e da inibicao direta da expressao e da atividade da enzima COX-2. Alem disso, o CAPE possui atividade antioxidante, capaz de mitigar os efeitos da lesao tecidual por estresse oxidativo, comum na FC. O principal mecanismo de tal acao se da pela inibicao da producao de oxido nitrico (NO) pela enzima NOS induzivel (iNOS) de macrofagos, uma substância altamente oxidativa e danosa a celulas e tecidos. O CAPE age, tambem, induzindo a autofagia celular, o que e benefico para FC, ja que as vias defeituosas de autofagia dos macrofagos na FC levam a depuracao bacteriana inadequada, o que favorece a colonizacao cronica. O CAPE apresenta, ainda, uma potente atividade inibitoria sobre Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Vibrio cholera, patogenos que contribuem para a progressao do dano pulmonar na FC. Por fim, este composto apresenta um efeito protetor para o pâncreas, ja que se mostrou eficaz na prevencao de pancreatites e na protecao contra danos induzidos por alguns compostos. Conclusao: A FC e uma doenca grave de dificil e dispendioso tratamento. A partir do exposto, torna-se evidente que o CAPE configura-se como uma promissora estrategia terapeutica que merece ser estudada mais a fundo clinica e laboratorialmente.
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