COTIDIANO, SAÚDE MENTAL E PROCESSOS DE TRABALHO NA VISÃO DE EQUIPES DE UNIDADES SOCIOEDUCATIVAS DO ESTADO DO PARANÁ

2020 
INTRODUCAO: A privacao da liberdade de adolescentes que cometem atos infracionais e necessaria para o alcance de objetivos juridicos e pedagogicos, embora possa gerar inumeros fenomenos por seu carater institucionalizante, tais como a perda da autonomia e de identidade. Na privacao de liberdade, a constricao da escolha e da oportunidade de se envolver em ocupacoes pode influenciar negativamente a saude e o bem-estar, resultado de um estado de dificil, senao impossivel, engajamento em ocupacoes significativas e com relevância social, cultural e pessoal. OBJETIVOS: Descrever as percepcoes dos(as) trabalhadores(as) quanto o cotidiano dos CENSE e as atividades que o compoe e suas possiveis correlacoes com os fatores que geram sofrimento e crises de saude mental no publico atendido nos CENSE do Estado do Parana. MATERIAL E METODOS: Pesquisa avaliativa de cunho exploratorio-descritivo com preceitos da Triangulacao de Metodos. Foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas, sete observacoes participantes e sete grupos focais com as equipes de sete CENSE do Estado do Parana. Apos a leitura extensiva do material foram construidos nucleos argumentais, agrupados em seis categorias por meio da abordagem hermeneutica. RESULTADOS: Os resultados foram baseados na analise das narrativas das equipes. A inadequacao da estrutura fisica das unidades, o deficit de recursos humanos e o tamanho das unidades pareceu influenciar no atendimento prestado aos(as) adolescentes. A privacao de liberdade e o nao engajamento em ocupacoes foi apontado como gerador de efeitos negativos na saude mental dos(as) adolescentes internados(as). Certas atividades foram apontadas como ausentes de significado ou superficiais devido a aparente inexistencia de espacos para escuta dos interesses do publico atendido, sendo aquelas de cunho expressivos e corporais como possivelmente beneficas a saude mental. As equipes apontaram que, assim como os(as) adolescentes, sentiam-se tambem, de certa maneira, institucionalizadas. As tentativas de suicidio de adolescentes e a culminacao de seu ato se apresentaram como um aspecto impactante na saude mental das equipes e inerentes aqueles locais de trabalho, assim como a falta de estrutura e o sentimento de desamparo pelo Estado. Por serem as unidades instituicoes totais, uma dicotomia foi aparentemente observada: ora as equipes discorreram sobre posturas ressocializadoras, ora sobre posturas repressoras. CONCLUSAO: O processo de trabalho das unidades socioeducativas e definitivo na construcao de um cotidiano institucional. Por meio de suas proprias vivencias institucionalizantes as equipes pareceram replicar e normalizar formas de autoritarismo no cotidiano das unidades. Ademais, o cotidiano nao parece considerar as reais necessidades dos(as) adolescentes, uma vez que as necessidades das proprias equipes nao parecem estarem sendo levadas em consideracao.
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