Socioeducação e inclusão: a produção de sujeitos no centro atendimento socioeducativo de Santa Maria/RS

2021 
Problematizar a producao de sujeitos no Centro de Atendimento Socioeducativo de Santa Maria/RS, bem como seus efeitos e os modos de subjetivacao que se dao na alianca com a escola inserida na unidade, foi o que mobilizou as analises empreendidas nessa pesquisa desenvolvida na Linha de Pesquisa em Educacao Especial - no contexto do Grupo de Pesquisa Diferenca, Educacao e Cultura – DEC/UFSM/CNPq. Sob inspiracao teorico metodologica dos estudos foucaultianos em educacao, considerando-se que somos seres constituidos nos e pelos discursos sociais atravessados pelas relacoes de poder, organizei a materialidade analitica em dois grupos: no primeiro, documentos oficiais que orientam e conduzem as praticas operadas no Centro; e no segundo, materiais produzidos pelos alunos/menores infratores nas oficinas que ocorrem no espaco escolar. Nas analises empreendidas, observei dois movimentos enunciativos; sendo o primeiro acerca das praticas disciplinares operadas no centro que se dao entre a vigilância, correcao e punicao. Atrelado a isso, anuncios da Socioeducacao como uma politica de inclusao social, a fim de ressocializar os menores infratores para que eles retornem a sociedade de forma segura, sem colocar em risco a si e a coletividade. Movimentos esses que tem a intencionalidade de ajustar tais sujeitos a logica neoliberal, modo de vida da atualidade. Nessas tramas, visualizei a educacao escolarizada sendo colocada como obrigatoria dentro do sistema, devendo estabelecer aliancas para operar praticas que ajustem os sujeitos as necessidades sociais, o que se evidenciou num segundo momento analitico, onde tecnicas de si se dao na ordem da conversao dos sujeitos a partir de praticas de confissao aos moldes dos preceitos cristaos, os quais ditam nossa forma de ser e estar. Assim, confessando-se para renunciar a si mesmo e subjetivando-se dentro dessa ordem moral imposta. Ao mesmo tempo, observo que essas tecnicas de si, a depender de como sao mediadas, possibilitam um exercicio etico dos sujeitos sobre si - via praticas de liberdade - mostrando que ha potencia para se contrapor a esse modo de vida neoliberal, o qual os mantem dentro de um estado de anormalidade permanente, visto que e dificil manterem-se nas redes de producao e de consumo quando o Estado se exime da responsabilidade e passa a nao investir em politicas publicas que deem a esses anormais sociais condicoes efetivas para participarem desse modo de vida. Nesse sentido, finalizo o estudo com a defesa da escola como um espaco potente, quando ela se suspende de usos utilitaristas e se abre para alem do curriculo, dando espaco para as praticas que ocorrem nas oficinas e que potencializam um exercicio critico reflexivo em seus alunos, especialmente quando esses sao colocados a experenciarem-se de foram etica - podendo assim - escolher modos outros de existencia.
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