NARRATIVAS TRANSGÊNERO SOBRE PRESENÇA E AUSÊNCIA EM ACERVOS DE MUSEUS: DIÁLOGOS COM ÉLLE DE BERNADINI E LYZ PARAYZO

Este texto apresenta reflexoes sobre a institucionalizacao de obras de artistas transgenero em acervos de museus. A contribuicao para as reflexoes sao das artistas Elle de Bernadini (Santa Maria-RS, 1991-) e Lyz Parayzo (Rio de Janeiro-RJ, 1994-), que possuem obras acervadas no Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Contemporânea de Niteroi (MAC) e Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). O objetivo principal e compreender o processo de acervamento a partir da construcao de uma narrativa de si de cada uma das artistas, como um vislumbre das discussoes sobre as pautas que envolvem genero, e das condicoes poeticas inscritas dentro da perspectiva de presenca [e ausencia] da pauta para as narrativas possiveis a serem enunciadas nas (re)exibicoes das obras. Neste sentido, a entrevista foi realizada com as duas artistas no intuito de estabelecer uma interlocucao entre os dialogos das duas e a pesquisadora sobre a visibilidade transgenero em acervos de museus. A ideia e partir das nocoes poeticas das duas artistas e do entrelacamento entre essa poetica e a identidade, como algo que enfatiza a sobrevivencia, a existencia e a resistencia de ambas por meio das obras, em um contexto institucionalizado. Para tanto, a reflexao e pautada em algumas das obras das artistas, tais como UnhaNavalha #1 (2016) e UnhaNavalha #2 (2017) de Lyz Parayzo, e Lagrima do artista (2015) e Dance with me (2018) de Elle de Bernadini. Desta forma, o texto parte do interesse das artistas em ter obras acervadas em museus, e o que isso significa em termos de trajetoria e de suas identidades como mulheres. Tambem, e evidenciada como a aquisicao foi realizada, quais sao as condicoes poeticas para exibicao dos trabalhos e se a censura e uma preocupacao para as artistas, tendo em vista os ultimos casos de exposicoes, obras e artistas censurados no Brasil.