Pop management jornalístico e espírito do capitalismo: os cadernos de emprego no jornal Zero Hora (2012/2013).

2014 
Este estudo discute as transformacoes no mundo do trabalho, a partir do conceito de “novo espirito capitalismo” como a ideologia que justifica o engajamento no capitalismo. Revela aspectos de como se configura o novo espirito do capitalismo no Rio Grande do Sul, de acordo com o discurso difundido pelo pop management jornalistico. Enfatiza-se que o novo discurso gerencial e o portador desses valores e normas, que a partir da crise do ethos do trabalhador assume papel importante na difusao das crencas, funcionando como um sistema de teodiceia, conforme Weber. Desse modo, analisa-se as novas (re) configuracoes do trabalho a nivel discursivo no Rio Grande do Sul. Para tanto, considera-se o contexto socioeconomico do Estado e do Brasil, por meio de uma reconstrucao historica. O objeto do presente estudo sao os discursos gerenciais na imprensa de grande circulacao, para tanto realiza-se uma revisao historica a respeito do surgimento do jornalismo economico que culmina evidenciando como que gradualmente o pop management se transformou no difusor dessa nova forma de ethos. A metodologia de pesquisa empregada e a analise de conteudo, bem como se utiliza o programa de analise qualitativa, chamado Nvivo. Argumenta-se que o ethos do trabalhador fora substituido pelo ethos do empreendedor. O discurso gerencial pode ser considerado como um sistema simbolico, que fornece uma determinada representacao do social a qual os individuos utilizam-se para orientar sua acao. Considera-se que o discurso gerencial ocupa o papel pedagogico, substituindo aquele ora desempenhado pela etica protestante. O discurso gerencial brasileiro a partir dos anos 90 vai se apropriando dos modelos e manuais estrangeiros de gestao, e na decada de 2000 ja vislumbra-se um modelo misto que se apropria, no caso sul-rio-grandense, da questao da esfera familiar e do trabalho. No entanto, e no decorrer da decada de 2000 que os novos valores entram em cena com mais vigor, e a etica do provedor de familia perde o seu papel central. Contudo, observa-se que ainda apoiam-se em “codigos familiares” que mobilizam as dimensoes afetivas, e os sentimentos (COLBARI). Assim ja nos anos 2000 observa-se um novo cenario em que a empresa repassa as exigencias e o receituario afetivo, e familiar para o individuo. Entretanto, a mobilizacao de valores familiares e afetivos, serve a determinados fins, quais sejam para gerar relacoes travestidas de amizade, companheirismo e afeto. Constata-se uma fusao dos discursos entre nocoes que transitam no nivel global do management e outras que remetem ao ethos do provedor familiar. Observa-se a influencia da questao local nos discursos gerenciais, e porque os termos gestor e lider sao tomados um pelo outro. De outro modo, constata-se que tais discursos se ajustam ao movimento global, onde hoje prevalece uma nocao de empregabilidade associada antes a manter-se envolvido, mobilizando habilidades e apresentando um equilibrio emocional antes que ao trabalho em si. Nao se pode dizer que o ethos do provedor familiar se extinguiu, pois os valores que o pautavam ainda tem certa presenca nos discursos gerenciais como, por exemplo, a importância da familia e do equilibrio entre vida pessoal e profissional. Poder-se-ia falar em uma combinacao entre o ethos do empreendedor e o ethos do provedor de familia ou, dito de outro modo, uma ressignificacao do ethos do provedor de familia.
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