Literatura de intuitos no tempo republicano
2010
Res_por:Desde o Tricentenario de Camoes ate ao Estado Novo, o tempo
republicano da literatura portuguesa e dominado por sucessivas vagas de
arte interventiva, por entre variacoes ideologicas de nacionalismo ou de
franciscanismo e riscos esteticos de enfase expressiva ou de didactismo.
Criticos e escritores do inicio do seculo XX, integrados numa
corrente vitalista e emancipalista, assumem a designacao «literatura de
intuitos» para distinguir o programa estetico-ideologico a que obedecia
a sua arte de actualidade e de intervencao, com uma missao etica e
social, comprometida no combate de ideias e nas movimentacoes politicas
- em nome de opcoes “progressistas” (republicanas e maconicas,
por vezes tambem socialistas ou anarquistas).Tendo conseguido tornar-
-se dominante na primeira decada do seculo XX, essa corrente literaria
deu inegavel contributo para o advento da Republica.
Nos primeiros anos da Republica, cedeu posicoes em favor doutra
corrente – tambem neo-romântica, tambem maioritariamente de autores
republicanos, mas cultivando diferente «literatura de intuitos». Trata-se
do movimento saudosista, cujo discurso oracular e profetico ambiciona
promover um messianismo lusiada de conducao da Humanidade a utopia
universal das novas Indias da Justica, da Beleza e do Amor.
Com o advento da Grande Guerra, altera-se a dinâmica do campo
literario portugues, onde se da a erupcao do Primeiro Modernismo
e de manifestacoes de Vanguardas artisticas (cujos intuitos eram bem
outros!...). Comeca entao a impor-se nova dominante neo-romântica –
tambem de «literatura de intuitos», mas agora em trincheira adversaria
(tradicionalista, contra-revolucionaria, catolica, neo-monarquica).
No ocaso da I Republica, ha ainda espaco conjuntural para certas
metamorfoses de progressista «literatura de intuitos», especialmente
em torno da Seara Nova.
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