LUXAÇÕES TARDIAS DO COMPLEXO SACO-LENTE INTRA-OCULAR: ANÁLISE DEMOGRÁFICA, FATORES DE RISCO E ABORDAGEM CIRÚRGICA

2017 
OBJECTIVOS: Os relatos de luxacoes tardias espontâneas, parciais ou totais, do complexo saco capsular-lente intraocular (LIO) tem vindo a aumentar. Esta complicacao e reportada em media 6.9-10.9 anos apos a cirurgia de catarata, em doentes com idades medias entre 71-80 anos. A crescente exigencia visual da populacao, que tem conduzido ao implante de LIOs em individuos cada vez mais jovens, tem contribuido para um aumento exponencial da populacao pseudofaquica. E assim expectavel que com o envelhecimento global, possamos vir a assistir a uma prevalencia cada vez maior desta complicacao. A PEX tem sido reportada como fator de risco mais comum, contribuindo para 40% ou mais dos casos. Nao existem para Portugal dados epidemiologicos de complicacoes com LIOs, nem de prevalencia de fatores de risco. O objetivo deste trabalho e caracterizar esta complicacao, em termos demograficos, na nossa pratica clinica com identificacao dos fatores de risco e avaliacao das abordagens cirurgicas utilizadas.  MATERIAL E METODOS: Estudo retrospetivo que envolveu 4 centros da area da Grande Lisboa. Foram incluidos casos de subluxacoes tardias do complexo saco-LIO, pelo menos 3 meses apos cirurgia de catarata nao complicada, com indicacao operatoria, diagnosticados entre Janeiro de 2015 e Setembro de 2016. Foi calculado o periodo de tempo decorrido entre a cirurgia de catarata e o diagnostico da subluxacao. Apresentamos os dados demograficos dos doentes, fatores de risco, abordagem cirurgica, acuidades visuais pre- e pos-operatorias e complicacoes pos-operatorias. RESULTADOS: Analisamos 37 olhos de 34 doentes, com idade media de 79.94 anos e predominio do sexo masculino (73.53%). A subluxacao foi diagnosticada em media 9.18 anos depois da cirurgia de catarata. O fator de risco mais frequentemente identificado foi a pseudoexfoliacao (67.57%). Na maioria dos doentes operados (92.3%) houve melhoria da acuidade visual corrigida. As abordagens cirurgicas utilizadas incluiram reposicionamento do complexo com fixacao escleral, fixacao da lente original a iris, explante do complexo e implante de lente de fixacao a iris (pre- ou retro-pupilar), associadas ou nao a vitrectomia via pars plana. CONCLUSOES: Identificamos um numero consideravel de casos num periodo de tempo relativamente curto (20 meses). A pseudoexfoliacao foi o fator de risco mais frequentemente identificado e com uma prevalencia superior a media reportada na literatura. As tecnicas cirurgicas utilizadas ofereceram bons resultados, em termos de acuidade visual. A caracterizacao desta patologia e fundamental para compreendermos a fisiopatologia deste processo e identificarmos precocemente doentes em risco, de forma a prevenir e otimizar a abordagem desta grave complicacao da cirurgia de catarata moderna.
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