Redes de comércio justo e solidário : organização, relações e valores

2012 
As caracteristicas do sistema economico dominante e suas implicacoes sobre a agricultura, ao mesmo tempo em que criam tendencias de concentracao, padronizacao e exclusao, tambem criam oportunidades que podem atuar no sentido contrario, permitindo o desenvolvimento de nichos e diferenciacoes baseadas em caracteristicas dos produtos/servicos, dos processos e dos proprios produtores. O Comercio Justo e Solidario emergiu como uma proposta de insercao produtiva para atores com potencial limitado de insercao no mercado convencional visando, alem de viabilidade economica, aspectos qualitativos e dimensoes que em geral nao sao valoradas pelos mecanismos de mercado. A hipotese que orienta este trabalho e a de que, dentro de certos limites, o Comercio Justo e Solidario funciona de forma coerente com seus principios originais, mas a medida que o aumento da abrangencia e escala eleva a complexidade das operacoes, havera reflexos na sua organizacao que podem afasta-lo dos principios basicos e que podem implicar na exclusao de um grupo relevante de beneficiarios potenciais. O presente trabalho busca responder em que medida o Comercio Justo e Solidario pode atender aos seus principios originais, funcionando com base em redes ampliadas de produtores e comercio. Apoia-se na hipotese de que redes solidas, compostas por atores com objetivos diversos, mas coerentes e convergentes com os principios originais, podem garantir a legitimidade de um sistema de Comercio Justo e Solidario. Para isso, busca verificar como algumas redes de Comercio Justo e Solidario certificadas e nao certificadas se organizam, enfatizando as relacoes estabelecidas e os objetivos predominantes dos atores participantes que determinam essas relacoes. A metodologia baseou-se em pesquisa bibliografica, entrevistas, observacao e analise das redes sociais. Foram entrevistados atores de oito redes de Comercio Justo e Solidario utilizando o metodo Net-Map Toolbox (SCHIFFER, 2007) para a elaboracao de mapas das diferentes relacoes estabelecidas entre os atores (apoio, subsidios, comerciais, pessoais, conflitos e normas), sua influencia e seus objetivos (economicos, coesao do grupo, desenvolvimento, politicos, exploracao e desestruturacao). Para a analise da composicao das redes e coesao das relacoes foram utilizados os programas Ucinet (BORGATTI; EVERETT; FREEMAN, 2002) e NetDraw (BORGATTI, 2002) e foram estimadas as densidades. As redes apresentaram desenhos diversos, de dificil comparacao, indicio da auto-organizacao que, de acordo com o referencial teorico considerado (OSTROM, 1998), e fator chave para o sucesso da acao coletiva. As principais similaridades apresentadas foram em relacao a diversidade de atores em termos de atuacao e objetivos, ao predominio de relacoes pessoais em relacao as demais consideradas, a baixa percepcao relativa de conflitos e de relacoes de normatizacao. Em geral, as organizacoes consideradas atuam a favor da reciprocidade, uma vez que as relacoes pessoais proximas, o compartilhamento de responsabilidades e a descentralizacao de recursos favorecidos nessas redes tendem a estabelecer a confianca e a reduzir o oportunismo. Abstract
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