CONSUMO MATERNO DE DIETA HIPERLIPÍDICA NA GESTAÇÃO E LACTAÇÃO REGULA SISTEMA ENDOCANABINÓIDE E PREFÊRENCIA ALIMENTAR DA PROLE

2017 
Introducao: Desafios nutricionais durante a gestacao e lactacao podem programar para alteracoes no metabolismo energetico e no comportamento alimentar da prole na idade adulta. O consumo materno de dieta hiperlipidica (DH) por ratas no periodo perinatal causa obesidade na prole ao longo da vida. Na obesidade, ha resistencia central ao hormonio leptina e aumento da atividade do sistema endocanabinoide (SEC), ambos contribuindo para o aumento da ingestao alimentar. O SEC e composto pelos canabinoides endogenos anandamida e 2-araquidonoilglicerol, os receptores canabinoides (CB1 e CB2) e as enzimas de degradacao acido graxo amida hidrolase (FAAH) e monoacilglicerol lipase (MAGL). Neste estudo, hipotetizamos que o consumo materno de DH programa as proles macho e femea para alteracoes na expressao de componentes do SEC e de neuropeptidios hipotalâmicos chaves no controle da ingestao alimentar ao nascimento, contribuindo para um comportamento hiperfagico, com preferencia por dietas palataveis, e obesidade na idade adulta. Objetivo: Estudar os efeitos do consumo materno de dieta hiperlipidica sobre o conteudo proteico dos componentes do SEC e de neuropeptidios no hipotalamo das proles macho e femea ao nascimento e sua influencia no comportamento alimentar da prole na idade adulta. Metodos: Os procedimentos com animais foram aprovados pela CEUA/CCS/UFRJ protocolo IBCCF 123/14. Ratas Wistar, com 60 dias de idade, receberam dieta normolipidica (9% lipideos; grupo C) ou hiperlipidica (29% lipideos; grupo DH) por oito semanas antes do acasalamento e durante a gestacao e lactacao. Ao nascimento, parte das proles macho e femea foi eutanasiada para coleta do plasma, utilizado para avaliacao da leptinemia por radioimunoensaio, e do hipotalamo total, utilizado para determinacao do conteudo proteico de componentes do SEC e de neuropeptidios hipotalâmicos pelo metodo de Western Blotting. Outra parte da prole foi mantida ate os 150 dias de idade, quando foi avaliado o consumo e a preferencia alimentar.  *p<0,05 (Teste t sudent nao-pareado). Resultados: A DH materna nao alterou o peso corporal (C macho: 7,2±0,16; DH macho: 6,88±0,13; C femea: 6,80±0,16 e DH femea: 6,64±0,13) e o comprimento naso-anal (C macho: 5,3±0,57; DH macho: 5,2±0,42; C femea: 5,1±0,43 e DH femea: 5,1±0,40) das proles macho e femea ao nascimento. Com relacao aos machos neonatos, o consumo materno de DH reduziu a leptinemia (-64.6%*) e aumentou o conteudo hipotalâmico de CB1 (+144,01%*), POMC (+44,3%*) e orexina-A (+173,8%*). Ja a prole femea DH, ao nascimento, apresentou maior conteudo hipotalâmico de CB2 (+108,20%*) e MAGL (+32,11%*). Na fase adulta da vida, ambas as proles do grupo DH apresentaram maiores peso (macho: +6,3%, p=0,07 e femea: +3,3%*) e adiposidade (macho: +33%*; femea: +11%*) corporais. Alem disso, as proles macho e femea DH apresentaram comportamento hiperfagico transitorio ao longo da vida, com maior preferencia por dieta hiperlipidica (machos: +103%* e femeas: +45%*), enquanto a prole controle prefere a dieta hiperglicidica. Conclusao: O consumo materno perinatal de dieta hiperlipidica resultou em alteracoes do SEC hipotalâmico ao nascimento de maneira genero especifica, sugerindo mecanismos distintos entre as proles macho e femeas no estabelecimento do fenotipo obeso e hiperfagico.
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