Indícios para a noção “Estranhamentos Emocionais Circunstanciais” em Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa

2017 
Como podemos pensar a relacao entre nocoes do dominio da subjetividade, que se apresentam como irrefutavelmente constituidas cientificamente, e suas versoes em um outro campo, de constituicao diversa, que chamamos de “literario”? Tendo este questionamento como principio norteador dos meus trabalhos nos ultimos anos, este texto procura desenvolver a nocao de “estranhamento emocional circunstancial”, criada por mim para matizar as limitadoras classificacoes nosologicas e cientificistas. Para tal, utilizo a correspondencia entre Mario de Sa-Carneiro e Fernando Pessoa procurando evidenciar como estas narrativas expressam esta nocao evidenciando a forma pela qual o campo literario se apresenta como cenario de lutas intimas, travadas em torno das emocoes, fundamentais para a Psicologia, e que ganham forma e estatuto diverso no campo da ciencia, em particular no da Psiquiatria. A correspondencia trocada entre Mario de Sa-Carneiro e Fernando Pessoa ganha sentido ao desvelar esta dupla relacao, pois evidencia o paradoxo das emocoes numa epoca em que expor-se, mesmo intimamente, nao era parte das pretensoes destes autores, mas que tornou-se uma tendencia na atualidade. Este campo tem profundo interesse para a Psicologia, especialmente aquele vinculado ao Existencialismo de Jean-Paul Sartre, pensamento com o qual tenho grandes afinidades em minhas reflexoes. O texto tambem coloca em cena as nocoes de saudade e melancolia, pois nelas encontramos tambem indicios que auxiliam a compor o que chamei de estranhamento emocional circunstancial.
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