Processos sociais, estratégias produtivas e mudança ambiental em assentamentos da reforma agrária na região norte do Tocantins.

2008 
O modelo agricola implementado na regiao norte do Tocantins nos ultimos 50 anos, a partir do projeto de expansao da fronteira agricola na regiao amazonica, tem intensificado tanto o acirramento nos conflitos pela posse da terra, como causado impactos ambientais significativos. A logica economica homogeneizadora baseada na instalacao de extensos latifundios para a pratica da pecuaria extensiva do gado, nas decadas de 60 e 70, deixaram herancas ambientais, sociais, politicas, economicas e culturais, significativas para centenas de assentamentos que se formaram na regiao a partir do final da decada de 80. Este trabalho procura focalizar, as relacoes entre os processos sociais ocorridos na regiao norte do Tocantins nesse periodo, e, as influencias que esses exerceram sobre as escolhas das estrategias produtivas das familias assentadas no Projeto de Assentamento Io de Janeiro, bem como as consequencias ambientais decorrentes. Identificamos que as escolhas das estrategias produtivas adotadas pelas familias em suas trajetorias de vida no tempo anterior ao assentamento, estao atreladas em grande parte, as relacoes de poder estabelecidas em torno da posse da terra, marcada pelo avanco da forca oligarquica rural na regiao. Ja no tempo de assentamento, fatores economicos, politicos e ambientais, exercerao influencias determinantes nas escolhas das estrategias produtivas, atraves de constrangimentos que exigirao constantes modificacoes por parte das familias assentadas. O processo de pecuarizacao da regiao se mantem tambem, na estrategia produtiva da maioria das familias assentadas, intensificando o processo de degradacao ambiental da area, tendo como elemento fomentador, a atuacao do mercado, a elevada produtividade do trabalho, as herancas ambientais e de infra-estruturas, bem como, a atuacao do estado com suas praticas autoritarias e atreladas as elites rurais locais. O processo de intensificacao da degradacao das pastagens tem levado muitas familias a elevarem o efetivo pecuario nos lotes, para compensarem as baixas produtividades, estabelecendo um ciclo de degradacao ambiental e empobrecimento economico, que tem colocado a tematica ambiental no âmbito do debate sobre a reforma agraria na regiao. A manutencao da logica produtiva de diversificacao de culturas agricolas destinadas principalmente a subsistencia alimentar e venda de excedentes para o mercado local, aliado a criacao de pequenos animais, ainda se faz presente em grande parte das familias assentadas, o que em determinada maneira tem contribuido na garantia do atendimento das necessidades basicas das familias, porem as areas de pastagens se destacam na ocupacao territorial dos lotes, e tem atuado como um elemento concorrente da estrategia camponesa de manutencao do ciclo energetico na propriedade. As estrategias produtivas sao pensadas entao, dentro de uma logica de manutencao da capacidade reprodutiva das familias, onde o gado se torna um elemento de "resistencia" camponesa, uma alternativa de permanencia sobre o lote dentro de um ambiente altamente adverso para outras estrategias, mesmo que contraditorio e insustentavel em medio prazo. Nesse sentido, urge a atuacao em rede de setores da sociedade civil e estado, no sentido de criar alternativas sustentaveis produtivas, acoes de recuperacao ambiental dos assentamentos, estimulando as praticas agroecologicas e o acesso ao mercado desses produtos
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