A doença falciforme na Amazônia: as intersecções entre identidade de cor e ancestralidade genômica no contexto paraense

2019 
A Doenca Falciforme (DF ou Hb SS) e a sindrome genetica mais prevalente em todo o mundo. Na Amazonia, estado do Para, o grupo homozigoto com Hb SS representa cerca de 1% da populacao, que convive com vulnerabilidade biossocial relacionada a “raca/cor” e as manifestacoes clinicas severas e de dificil tratamento da DF. Pesquisamos as categorias biologicas (geneticas) e culturais (raca/cor) de pessoas diagnosticadas com Hb SS, confrontando as interseccoes de Identidade Social (IS) e Ancestralidade Genomica (AG), e analisando a condicao biocultural dos sujeitos. Investigamos 60 pessoas com DF no estado do Para. Foram coletadas amostras de sangue na Fundacao Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Para (HEMOPA/Belem) e realizados testes de Ancestralidade Genomica autossomica no Laboratorio de Genetica Humana e Medica (LGHM), da Universidade Federal do Para (UFPA), onde usamos 62 Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIM) via Proteina C-Reativa (PCR) multiplex no sequenciador ABI Prism (Prisma de Biossistemas Aplicados) 3130 e software v.3.2 GeneMapper ID. Realizamos pesquisa de campo de carater etnografico e entrevistas semiestruturadas, apos a entrega dos resultados dos laudos de AG. No corpo da tese, utilizamos um texto integrador com quatro artigos cientificos: o primeiro artigo descreve a epidemiologia da DF no Para, referido como a introducao da tese; o segundo trata sobre os preconceitos e os determinantes sociais da saude vivenciados por pessoas com DF, o problema investigado; o terceiro demonstra as questoes de renda/cor e qualidade de vida dos individuos pesquisados; e o quarto aborda as manifestacoes clinicas da DF e as interseccoes entre a identidade de raca/cor e a Ancestralidade Genomica no estado do Para. O estudo foi embasado na identificacao do processo de racializacao da DF como um Determinante Social da Saude (DSS), concebida como uma “doenca que vem do negro” na Amazonia. Concluimos que e importante analisar os padroes epidemiologicos da populacao brasileira partindo de suas caracteristicas etnicorraciais, devido a presenca africana, europeia e indigena marcante na regiao amazonica, em especial, em grupos com uma doenca genetica cronica. As manifestacoes clinicas da DF podem ser mensuradas de acordo com os dados de ancestralidade genomica e autodeclaracao de raca/cor, em se tratando de diferencas que envolvem o DNA, o genero/sexo, a idade e a renda familiar, todavia, apenas o status socioeconomico e as caracteristicas de ascendencia genetica nao conseguem responder sobre a heterogeneidade da sintomatologia da DF, e devem ser levados a analise de polimorfismos associados a esses eventos.
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