Encontros do feminismo: uma análise do campo feminista brasileiro a partir das esferas do movimento, do governo e da academia

2008 
Este trabalho analisa as tensoes, impasses e desafios teorico-politicos no feminismo brasileiro contemporâneo. Sob diversas perspectivas a bibliografia disponivel sobre os varios feminismos que estiveram presentes no Brasil a partir de 1975 nos encaminham para compreender o mesmo como sinonimo do movimento, atribuindo-lhe um carater generalizante (ZUCCO, 2006, SOIHET, 2006). Para tratar do feminismo brasileiro de uma perspectiva distinta, utilizo-me da nocao de campo, em dialogo com Lia Zanotta Machado (1994 e 1998) e Marlise Matos (2005) que a discutem a partir da ideia de campo bourdiano. Para efeitos analiticos, compreendi o campo feminista a partir da construcao de tres categorias, que denominei de “esferas feministas” da academia, do movimento e do governo, consciente de que as mesmas se interligam e imbricam. Ao considerar que o campo feminista possuia claramente estes tres âmbitos, pude percorre-los com mais clareza, e buscar em cada um deles suas especificidades, tensoes internas e interfaces com os outros dois. Para analisa-los focalizei importantes espacos de debate e construcao de ideias e acoes do campo. Dentre estes, elegi, a partir de uma perspectiva etnografica, os grandes encontros nacionais academico, governamental e do movimento feminista, entre os anos de 2004 e 2006, enquanto eventos paradigmaticos, com enfase nas falas e outras manifestacoes narrativas (PEIRANO, 2001). Cada um dos encontros foi analisado em tres capitulos distintos, divididos a partir das categorias arbitrarias do movimento, do governo e da academia, orientando as analises sobre cada uma destas esferas, de forma a expressar tanto as suas particularidades quanto suas imbricacoes. Algumas das questoes feministas que enumerei circulavam em torno de conceitos como igualdade, direitos, autonomia, democracia e constituicao de sujeitos politicos. Dentre as tensoes mais aparentes estavam a disputa por legitimidade dos sujeitos politicos, por pautas especificas dos distintos segmentos, e a questao da militância na academia, desvelando o debate sobre fazer (ou nao) ciencia engajada. Se por um lado, ha uma disputa por hegemonia no campo (LACLAU E MOUFFE, 1985), os caminhos e argumentos utilizados sao contingenciais (BUTLER, 1998). O estatuto do sujeito, discutido de maneira ampla, e fonte de disputas teoricas – pos-modernas, pos-estruturalistas e modernas – reverbera no debate feminista, nas tres esferas, de formas especificas e inter-relacionais. Alem disso, o paradoxo da diferenca sexual continua sendo utilizado nas argumentacoes em prol de cidadania para as mulheres (SCOTT, 2002). Palavras-chave : Estudos Feministas; Campo Feminista Brasileiro; Estudos de Genero; Movimento Feminista; Encontros Feministas.
    • Correction
    • Source
    • Cite
    • Save
    • Machine Reading By IdeaReader
    0
    References
    2
    Citations
    NaN
    KQI
    []