A CONTRA-REFORMA AGRÁRIA E OS CAMINHOS DA DESARTICULAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

2016 
Neste ensaio, pretende-se efetuar uma interpretacao critica de um arraigado anti-reformismo que permeia nao apenas praticas e iniciativas politicas dos grandes proprietarios de terra, mas que gradualmente tende a se tornar consensual entre os mais distintos setores de uma burguesia emergente, e numa ideologia do conjunto das classes dominantes do pais. Suas premissas fundamentais sao: primeiro, que as mais importantes articulacoes politicas efetuadas entre finais do Imperio e inicio do periodo republicano, ao se restringirem fundamentalmente a defesa do latifundismo vigente, se tornaram determinantes nao so para o futuro da agricultura latifundiaria mas, sobretudo, para o carater que passa a ser assumido pelas lutas por democratizacao no Brasil; segundo, que, nas mais distintas conjunturas, a conducao politica da administracao governamental, subordinada a determinacoes quase exclusivas desses nucleos mais influentes de poder fundiario, e de seus aliados no capital comercial, alem de repercutir numa conformacao estatal profundamente autoritaria que passa a brotar a partir dai responde pela construcao de uma das economias mais socialmente desarticuladas do mundo capitalista, na sua traducao mais concreta de exclusao social. As posturas anti-reformistas das classes proprietarias, no geral, e das agrarias, em particular, sao tomadas aqui como expressao maior (ou condicao) para a efetivacao de um pacto anti-republicano que nao so demarca os limites de uma ordem socio-politica como estabelece os marcos de um projeto de nacao que, de tao esgarcado, tende a se projetar como algo quase sempre politicamente inacabado.
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