Senso comum e juízo político em Hannah Arendt

2020 
A presente pesquisa tem como objetivo refletir sobre as potencialidades inerentes ao senso comum a partir das quais Hannah Arendt pensara a efetividade de um juizo politico. As primeiras impressoes de uma reflexao sistematica da autora sobre o tema demostram que o raciocinio, advindo do senso comum humano, em contraposicao ao pensamento filosofico, esta diretamente relacionado a uma realidade mundana na qual tudo vem a ser na sua propria “aparencia”. Nesse momento, o senso comum e o sentido responsavel por acolher todas as impressoes particulares dos homens e conforma-las em padroes compativeis com a condicao humana de seres sensiveis. Aqui, o senso comum e literalmente compreendido como um sentido que garante aos homens a realidade mundana das “aparencias”. A partir da leitura dialogica com Kant, Arendt descobre que existe um vinculo direto entre o senso comum e o juizo de gosto, ou juizo reflexivo. Nesse contexto, o senso comum e compreendido como sensus comunnis, ou como um sentido que institui comunidade. O sensus comunnis tem como funcao garantir que o nosso juizo reflexivo, ou o nosso juizo de gosto, alcance um acordo comum entre os membros de uma mesma comunidade. Essa compreensao remonta a tradicao humanista que, desde Cicero, ja reconhecia o potencial politico contido no cultivo do sensus commum que orientava os homens a julgarem sempre tendo como horizonte os valores compartilhados pela comunidade. Destacamos que o senso comum, em ambos os contextos apresentados por Hannah Arendt, esta, invariavelmente, orientado para o julgamento do mundo. O julgamento advindo do senso comum, seja pelos criterios sensiveis compativeis com a condicao de seres sensiveis ou pela propria natureza reflexiva dos juizos de gosto, constitui-se como um juizo politico por excelencia.
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