Análise dos resultados maternos e neonatais associados às intervenções realizadas durante o trabalho de parto de nulíparas de baixo custo

2019 
OBJETIVO: Analisar os resultados maternos e neonatais associados as intervencoes realizadas durante o trabalho de parto e parto de nuliparas de baixo risco. METODO: estudo observacional, transversal, descritivo e prospectivo, em uma maternidade terciaria do estado do Ceara, com 534 parturientes de baixo risco. Foram incluidas: parturientes que nunca pariram e ausencia de comorbidades maternas ou fetais. Foram excluidas: as parturientes que se tornaram alto risco durante o trabalho de parto. A coleta de dados foi realizada no periodo de fevereiro a agosto de 2018, em duas etapas: preenchimento de um questionario a partir da observacao da assistencia ao trabalho de parto e parto, prestada pela equipe multiprofissional, respondidas pelo observador e, a busca de dados nos prontuarios. Foram contempladas as variaveis sociodemograficas, antecedentes obstetricos, intervencoes no trabalho de parto e parto, desfecho materno e neonatal. A pesquisa seguiu os preceitos eticos e legais da Resolucao 466/12 e foi aprovada pelo CAAE 82266317.0.0000.5050. Foram realizados testes de Qui-quadrado de Pearson e Exato de Fisher, IC 95% e erro de 5%, p<0,05. RESULTADOS: A amostra foi composta por mulheres entre 13 e 39 anos, 69,8% entre 20 e 35 anos, maioria possuia companheiro 51,5%, autodeclaradas pardas 63,5% e procedentes da capital e regiao metropolitana de Fortaleza 91,9%, entre 6 e 10 anos de estudo 57,5%, maioria sem atividade remunerada 68,3%. Antecedentes obstetricos: 89,9% das mulheres eram primigestas, com idade gestacional entre 37s e 41s4d, media de 7 consultas de pre-natal. Presenca de acompanhante 96,4%; ingesta de liquidos livre demanda 78,3%; Partograma 73%; Metodos nao Farmacologicos para alivio da dor 65,7% e movimentacao durante o trabalho de parto 75%. Intervencoes no trabalho de parto: admissao precoce 40,8%; Cardiotocografia na admissao 90,3%; venoclise 64,8%; amniotomia 38%; No parto: prevalencia da posicao supina/semi-sentada 74%, incentivo a Manobra de Valsalva 72,1%; mais de 4 profissionais/estudantes no parto 76,8%; analgesia farmacologica 8,6%. Percentual de cesariana de 39,5%. Apenas 31% das mulheres nao receberam nenhum tipo de intervencao durante o trabalho de parto, 41,2% das mulheres receberam pelo menos uma intervencao. Para desfechos maternos observou-se associacao entre as intervencoes Manobra de Kristeller com Hemorragia pos-parto (p=0,036) e laceracao perineal de grau II (p=0,006); manobra de Valsalva e laceracao perineal (p=0,006); posicao nao vertical e laceracao perineal (p<0,001). Para desfechos neonatais observou-se que a realizacao das intervencoes durante o trabalho de parto e parto mostraram-se como fator “protetor”, a realizacao de amniotomia esteve associada a menor necessidade de oxigenio (O2) apos o parto (p=0,001) e neonatos encaminhados ao alojamento conjunto (p=0,006). A utilizacao de ocitocina esteve associada a menor necessidade de O2 (0,043), escore de Apgar ≥ 7 no quinto minuto de vida (p=0,046) e neonatos encaminhados ao alojamento conjunto (p=0,027). A realizacao de episiotomia esteve associada a menor necessidade de O2 (p=0,017) e recem-nascidos encaminhados ao alojamento conjunto (p=0,017). A Manobra de Valsalva associou-se com menor necessidade de realizacao de ventilacao por pressao positiva (p=0,038), menor necessidade de O2 (p<0,000), escore de Apgar ≥ 7 no quinto minuto (p=0,047) e recem-nascidos em alojamento conjunto (p=0,016). O tempo de periodo expulsivo prevalente foi de ate 2 horas. Houve associacao do incentivo a manobra de Valsalva com expulsivo mais curto e analgesia de parto com expulsivos mais longos. Verificou-se que os recem-nascidos eram retirados do contato pele a pele com a mae sem que houvesse justificativa como: necessidade de ventilacao por pressao positiva, uso de O2 e/ou Apgar < 7 no 5o minuto. CONCLUSAO: A implementacao das Boas Praticas e uma rotina do servico. Com excecao da analgesia de parto, todas as demais intervencoes tiveram frequencias elevadas. Elevado percentual de cesarianas. As intervencoes no trabalho de parto e parto podem reduzir o tempo de periodo expulsivo, porem apresentam risco aumentado para hemorragia pos-parto. Para os desfechos neonatais a realizacao das intervencoes mostrou-se como fator “protetor” para desfechos dos recem-nascidos. O tempo de periodo expulsivo prevalente foi de ate 2 horas. Houve associacao entre o incentivo a Manobra de Valsalva e tempo de expulsivo mais curto e associacao da analgesia de parto com expulsivos mais longos. Recem-nascidos higidos, foram retirados do contato pele a pele mesmo sem a necessidade de ventilacao por pressao positiva, uso de O2 ou Apgar < 7 no 5o minuto.
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