Cancro-de-mirotécio do meloeiro : variabilidade do patógeno e avaliação da resistência em genótipos

2006 
O cancro-de-mirotecio, causado pelo fungo Myrothecium roridum, e uma doenca associada ao “colapso” do meloeiro (Cucumis melo) e que vem aumentando em importância nos polos produtores desta cultura no Nordeste brasileiro. Visando identificar a existencia de variabilidade entre isolados de M. roridum e avaliar a resistencia de genotipos de meloeiro ao patogeno, foram realizados dois estudos. No primeiro, a variabilidade de 53 isolados de M. roridum, obtidos de diferentes cultivos de meloeiro do Agropolo Mossoro/Assu (Rio Grande do Norte), foi estimada com base em variaveis relacionadas ao desenvolvimento do cancro-de-mirotecio e a fisiologia do patogeno. Plantas de meloeiro (cvs. AF-682 e Orange Flesh) com 22 dias, desenvolvidas em casa de vegetacao, foram feridas no colo e inoculadas com uma suspensao do patogeno (3x106 conidios/ml), sendo posteriormente medidos os componentes epidemiologicos area abaixo da curva de progresso da incidencia da doenca (AACPD) e severidade da doenca (SEV) aos seis dias apos a inoculacao. Adicionalmente, a taxa de crescimento micelial (TCM), a esporulacao (ESP) e a sensibilidade ao fungicida fluazinam (ICM) foi mensurada em cada isolado. Foi constatada alta variabilidade entre os isolados quanto as variaveis medidas, comexcecao para TCM. Nao foram verificadas correlacoes significativas das variaveis epidemiologicas (AACPD e SEV) com as demais variaveis. No contexto multivariado, no qual todas as variaveis foram utilizadas conjuntamente, foi ajustado o modelo Yijk(AACPD, SEV, TCM, ESP e ICM) = μ + αi + βj(i) + eijk (μ= media geral, αi= efeito de municipio, βj(i) = efeito de isolados aninhados dentro de municipio e eijk = erro experimental). Nao houve efeito do municipio de origem dos isolados, porem, houve variabilidade entre os isolados de M. roridum dentro dos municipios. No segundo estudo, 150 genotipos de meloeiro foram avaliados quanto a resistencia a um isolado de M. roridum. Plantas de meloeiro com 22 dias de idade foram inoculadas com um isolado do patogeno (3x106 conidios/ml) e as avaliacoes realizadas diariamente, ate seis dias apos a retirada da câmara umida, com o auxilio de uma escala descritiva de notas de 0 a 4. Com os dados medios da ultima avaliacao, os genotipos foram distribuidos em cinco classes de reacao de resistencia. Nenhum genotipo foi imune ou altamente resistente ao patogeno, enquanto 26,7% foram medianamente resistentes (MR), 51,3%foram suscetiveis (S) e 22,0% altamente suscetiveis (AS). Esses resultados evidenciam a dificuldade na obtencao de fontes com elevados niveis de resistencia a M. roridum. Os grupos Charentais, Nao-agrupado, Galia e Cantaloupe apresentaram a maior frequencia de genotipos com a reacao MR e a menor frequencia de genotipos AS. A maioria dos genotipos dos grupos Valenciano Verde (66,7%), Cantaloupe (57,4%), Galia (60,0%) e Nao-agrupado (53,8%) foram S. Os genotipos ‘PI 420149’, ‘Caroline’, ‘A3’, ‘Chilton’ e ‘PS-1 Pele de Sapo’ apresentaram os menores valores de severidade final da doenca e mostraram-se promissoras fontes de resistencia ao patogeno.
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