TEMPO DE PERMANÊNCIA NO SETOR DE EMERGÊNCIA, NO AGUARDO DE LEITO DE UTI, IMPACTA NA MORBI-MORTALIDADE DE PACIENTES CRÍTICOS COM SEPSE?

2018 
A sepse constitui-se na principal causa de morte nas UTIs nao-coronarianas no Brasil e no mundo. O acumulo de evidencias reforca o impacto do diagnostico e intervencoes precoces no desfecho dessa sindrome. Os pacientes com sepse, nos quais os escores de gravidade foram reduzidos ainda durante a internacao no setor de emergencia, tiveram uma letalidade hospitalar significativamente menor. Demonstrou-se beneficio na sobrevida com o uso precoce do suporte hemodinâmico guiado pela saturacao venosa central de O2 e depuracao precoce do lactato serico. Estes resultados enfatizam a importância de intervencoes precoces, ainda no setor de emergencia. No entanto, lamentavelmente, muitos pacientes que tem o diagnostico de sepse nas emergencias, tem o tratamento iniciado somente apos a admissao na UTI. A superlotacao das emergencias e o deficit relativo de leitos de terapia intensiva resultam na perca de horas muito preciosas para a recuperacao dos pacientes. Raras sao as publicacoes que avaliaram o impacto do tempo de permanencia no setor de emergencia a espera de um leito de UTI, no desfecho dos pacientes. O objetivo do nosso estudo foi avaliar a associacao do tempo de espera nas emergencias por leito de UTI (Tesp) no desfecho de pacientes septicos. Realizamos um estudo retrospectivo analitico transversal, com a populacao de pacientes atendidos nas emergencias da Rede Publica do DF em 2016, regulados para leitos de UTI. Excluimos pacientes vitimas de trauma, cirurgicos e menores de 18 anos de idade. Selecionamos 417 pacientes clinicos, com diagnostico de sepse nas primeiras 48h de internacao, regulados e internados em UTI, 57,4% masculinos, com idade media de 56,81 ±16,60 anos, e escore Apache II medio 16,35 ±11,25. A media de Tesp foi de 3,94 ±5,42 dias; de tempo de internacao em UTI, 15,41 ±21,72 dias; e de tempo de internacao hospitalar, 27,72 ±41,56 dias. A mortalidade na UTI foi de 165 (39,37%), e intra-hospitalar de 185 (44,15%) pacientes. A partir das analises estatisticas, categorizado o Tesp, verificamos que os pacientes internados em UTI com >48h de permanencia na emergencia apresentaram maiores tempo de internacao em UTI (11,87 ±15,38 vs 19,26 ±26.47 dias, p 48h apresentaram maior risco de obito na UTI [OR=1,52 (IC 95% 1,02-2,27), p=0,040] e intrahospitalar [OR=1,80 (IC 95% 1,21-2,67), p=0,004]. Nosso estudo aponta que retardo >48h no acesso a leitos de UTI, a pacientes clinicos com sepse internados nas emergencias, impacta de forma desfavoravel, significante e expressiva na morbi-mortalidade. Estudos prospectivos devem ser realizados para melhor analise dessas observacoes
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