Aprendizagem colaborativa na Comunidade de Práticas: interação e autonomia para a qualificação do trabalhador do SUS

2016 
APRESENTACAO: No âmbito da formacao pedagogica dos trabalhadores da saude publica observamos que, a partir do universo de possibilidades advindas das novas tecnologias de comunicacao e informacao, ainda ha dificuldades existentes no desenvolvimento de novas abordagens educacionais ou no uso dinâmico e potente destas tecnologias. Partindo de uma discussao acerca dos conceitos de educacao permanente em saude e aprendizagem colaborativa, o objetivo deste relato e analisar o ambiente de cursos da plataforma colaborativa Comunidade de Praticas do Ministerio da Saude, a partir das suas possibilidades de interacao e autonomia do aprendiz. DESENVOLVIMENTO: A CdP foi criada com a proposta de se constituir como dispositivo de encontros, de compartilhamento e de reflexoes, reunindo tecnologias de informacao a pratica de saude na Atencao Basica. Foi lancada no dia 7 de marco de 2012, durante o I Forum Nacional da Atencao Basica, em Brasilia/DF. Inicialmente, o foco da plataforma era o de promover o sentido de comunidade e o aprendizado entre os participantes ate que, em 2014, a organizacao da IV Mostra Nacional de Experiencias em Atencao Basica/Saude da Familia criou uma dinâmica no evento que movimentou a plataforma virtual. O evento valorizou as experiencias cotidianas e estimulou o protagonismo local dos milhares de trabalhadores, gestores e usuarios do SUS e reuniu quase 4 mil relatos de experiencias em saude de todo pais. Nesse mesmo periodo tambem foi incorporado um espaco estruturado e especifico para o processo de ensino e aprendizagem: o ambiente de cursos, com a proposta de cursos co-instrucionais. A CdP desenvolveu uma estrutura que permite a valorizacao da contribuicao do aluno. O material e disponibilizado e, em cada apresentacao, ha o espaco de interacao assincrona. Nao ha um forum isolado do que e discutido, e as interacoes sao diferentes em cada material disponibilizado. Outro ponto estimulado e a abertura dos cursos, por meio do uso da licenca Creative Commons, que permite que o aluno possa baixar e replicar em outros ambientes, podendo modifica-lo, com base no movimento REA (Recursos Educacionais Abertos). Por ultimo, o aluno tem a autonomia de participar do curso conforme seu tempo. Enquanto uns realizam todo o processo em poucos dias, outros podem acessar este ambiente em meses. Nao ha uma motivacao para a linearidade do curso, o que podemos considerar como uma experimentacao de abertura e autonomia nao tao comuns nos cursos tradicionais e outros AVAs. Como curso co-instrucional, o aluno e o sujeito de sua aprendizagem e cria redes com outros alunos e o proprio ambiente. Para estimular o protagonismo do aluno e o acesso a outros espacos, existe a figura do facilitador, o qual nao e o de tutor nem de professor. Seu papel essencial nao e o de ensinar ou responder as duvidas sobre o conteudo tecnico apresentado aos educandos do curso, mas de auxilia-los no uso da metodologia proposta com suas ferramentas, alem de incentiva-los a trocar experiencias e conhecimentos sobre as tematicas apresentadas, de uma forma horizontal, promovendo o protagonismo do aluno e da rede e a producao do conhecimento coletivo. E importante frisar que em todo o contexto da CdP, com ambientes de comunidades, perfis sociais, ambiente para compartilhar relatos de experiencia e um chat publico, os cursos sao mais uma oferta de aprendizagem. Assim, como se explora a interacao, a colaboracao e o compartilhamento de praticas dos trabalhadores, a CdP tambem se coloca a frente de uma discussao de educacao problematizadora e conectada. RESULTADOS: O primeiro curso da CdP foi lancado em fevereiro de 2014 e, ate outubro de 2015, ha oito curso abertos com tematicas envolvendo as praticas integrativas e complementares, as doencas cronicas, alem da facilitacao em ambientes de aprendizagem colaborativa, a qual e exercida na CdP. Esse modelo inovador, aberto e dialogico, nos apresenta como desafio a baixa taxa de concluintes. No conjunto de todos os cursos, a Comunidade de Praticas teve 20.107 participantes (ate o dia 15 de outubro de 2015) e media de 16,15% concluintes. Estes numeros sao apenas uma “fotografia” dentro de uma logica aberta de educacao. Entretanto, entre os concluintes a avaliacao se revela positiva e pode ser evidenciada em comentarios registrados. Alguns relatos de avaliacao evidenciam a constituicao da aprendizagem significativa, no que se refere a construcao de sentidos para o objeto do conhecimento. O conteudo do curso relaciona-se aos conteudos previos do aluno, exigindo dele uma atitude favoravel capaz de atribuir significado proprio ao conteudo que assimila. Tambem, e imprescindivel incorporar o ensino e o aprendizado ao cotidiano do trabalho, no sentido de provocar a reflexao e as mudancas nas praticas, alinhado ao referencial teorico da Educacao Permanente em Saude. Desse modo, o conteudo do curso e as atividades dos facilitadores problematizam o proprio fazer e colocam as pessoas como atores reflexivos da pratica e construtores do conhecimento e de alternativas de acao, ao inves de receptores. Outro ponto importante e eleger a equipe como ponto de interacao, de modo a evitar a fragmentacao disciplinar. A possibilidade de troca de experiencias entre os profissionais teve impacto positivo para os participantes do curso e esteve presente em algumas avaliacoes, evidenciando a potencia da construcao conjunta e o apoio entre pares. As tecnologias de comunicacao e informacao propiciam um alto poder de interacao entre os participantes, rompendo com a ideia de espaco e tempo, o que era distante pode se tornar perto. A dimensao do tempo e do espaco e instituida a partir das necessidades, dos interesses e da vontade dos aprendizes, ampliando as possibilidades da educacao. CONSIDERACOES FINAIS: A partir dessas citacoes, podemos considerar que a CdP se coloca no desafio de estimular a aprendizagem colaborativa, adotando  uma abordagem significativa, dialogando com a realidade do profissional da saude. Em cada conteudo disponibilizado, cria um espaco de interacao, que nao e destacada em um forum separado (que preve uma sintese de todo o material disponibilizado). A interacao, a troca, e a abertura do ambiente sao evidenciadas pelos relatos, que revela a colaboracao no processo de aprendizagem. Como uma plataforma de colaboracao aberta, a abordagem pedagogica da CdP incita o usuario a se colocar numa postura de responsabilidade de sua propria aprendizagem. Num formato experimental, e preciso avaliar outras questoes, como esta influencia para a autonomia do trabalhador da saude no âmbito virtual, ou dos proprios coletivos que se formam na CdP; se ha, de fato, uma utilizacao de todas as ferramentas e espacos oferecidos; se ha uma transformacao do profissional em sua pratica.
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