Comportamentos de consumo de haxixe e saúde mental em adolescentes: Estudo comparativo

2012 
O presente estudo teve como objectivos avaliar a situacao acerca dos comportamentos de consumo de haxixe, em adolescentes inseridos em meio escolar, estudar a influencia de variaveis como, a situacao familiar, o grau de influencia do grupo de pares nas decisoes e as expectativas, no inicio e na manutencao do consumo daquela substância. Pretendeu-se ainda avaliar a existencia ou nao de relacoes entre este consumo e a saude mental dos adolescentes. Os participantes foram 221 adolescentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos e que frequentavam entre o 8.o ano e o 10.o ano de escolaridade, do ensino regular diurno, em escolas dos arredores de Lisboa. Como instrumentos de medida, construiu-se um questionario (Questionario sobre Comportamentos de Consumo de Haxixe), baseado num ja existente para avaliar o consumo de alcool, que depois de ser sujeito a pre-teste, foi administrado juntamente com a adaptacao para a populacao portuguesa do Mental Health Inventory , o Inventario de Saude Mental. Os resultados mostraram que a maioria dos jovens nao consome haxixe (n=181; 81,9%). Daqueles que o fazem (n=40; 18,1%), 42,5% sao consumidores experimentais, 27,5% sao ocasionais, 20% sao habituais e 10% sao abusivos. A maioria (27,5%) afirma ter tido a sua primeira experiencia com o haxixe aos 13 anos, sendo os motivos principais do consumo a procura de relaxamento (31,3%) e de diversao (36,8%). Os amigos da mesma idade sao os principais companheiros de consumo (62,0%), sendo a rua o local eleito pela maioria para o mesmo (51,0%). Quando comparados os dois grupos de participantes (consumidores versus nao consumidores), verificou-se que, no grupo de consumidores existe uma tendencia para a escolaridade se apresentar afectada (40% reprovaram), com as reprovacoes a surgirem em maior numero a partir do 9.o ano de escolaridade (12,5%; 16,7% no 10.o ano). Quanto a situacao familiar verificou-se a existencia de uma maior percentagem de pais de consumidores que se encontram separados (15,0%) ou divorciados (25,0%). Expectativas de maior descontracao com consequente aumento da diversao (p=.000), de menor nervosismo (p=.000) e de o haxixe ser menos prejudicial do que o tabaco (p=.005), foram altas nos consumidores. Este grupo classifica o haxixe como uma droga leve (72,5%) ou como nao sendo uma droga (27,5%), sendo o principal motivo que apresentam para se consumir, a diversao (55.0%). As diferencas entre os dois grupos quanto a influencia da idade e do grupo de pares nas decisoes e/ou actos, foram estatisticamente significativas (p=.007 e p=.042, respectivamente). Nao foram encontradas diferencas estatisticamente significativas entre os dois grupos quanto a saude mental. De tudo isto se conclui que a frequencia de utilizacao desta substância e o significado que ela tem, difere de jovem para jovem. Torna-se importante levar em consideracao este facto e, nesta base, delinear programas de prevencao que promovam o dialogo entre os pais e o adolescente, a resiliencia deste e as suas competencias sociais, com direccao ao bem-estar e a um crescimento saudavel.
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