“Tudo o que tu escreveste, eu sei” - a tradição de uma literatura escrita por mulheres diaspóricas: o encontro da brasileira Carolina Maria de Jesus com a martinicana Françoise Ega

2020 
O presente artigo examina o encontro entre a escritora brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e a escritora martinicana Francoise Ega (1920-1976) buscando lancar uma discussao sobre a tradicao de uma literatura escrita por mulheres diasporicas e perifericas. Com a publicacao de Quarto de despejo: diario de uma favelada, a escritora negra, favelada e catadora de papel Carolina Maria de Jesus revolucionou sua epoca. Quarto de despejo foi traduzido para catorze linguas diferentes. Uma dessas traducoes, mais precisamente um pequeno resumo de Quarto de despejo traduzido para o frances, chega as maos de Francoise Ega, uma martinicana que emigrou para a Franca durante a segunda guerra mundial. E a partir desse contato que Ega nao somente se identifica nas palavras da escritora brasileira, como enxerga tambem o dia a dia de muitas de suas companheiras imigrantes antilhanas ali. Dessa maneira, ela decide escrever um livro em formato de cartas enderecadas a Carolina Maria de Jesus para contar a sua irma brasileira como suas historias se pareciam. E assim nasce Lettres a une noire, publicado em 1978, apos a morte de Francoise e tambem de Carolina.
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