Entre idas e vindas: uma diversidade de sentidos para a escola de EJA

2018 
A Educacao de Jovens e Adultos (EJA) e tema de debates, de controversias, de acoes politicas e sociais dirigidas a uma parcela da populacao que, em muitos casos, foi excluida da escola regular. Este estudo buscou problematizar a diversidade de sentidos para a escola de EJA, na visao de sujeitos jovens e adultos que frequentam uma escola de Ensino Medio. Tivemos por objetivo central analisar os sentidos atribuidos a escola de EJA, no que concerne a continuidade dos estudos. Em adjacencia, buscamos compreender as razoes para retornarem a escola, procuramos dar visibilidade a como concebem o conceito de tempo, verificamos a perspectiva de planejamento de futuro desses sujeitos, bem como identificamos as concepcoes de curriculo vislumbradas por esses cidadaos. A producao de dados ocorreu a partir de um questionario com 56 questoes respondido por 198 sujeitos frequentadores das turmas de 1o, 2o e 3o anos da Escola Estadual de Ensino Medio Pedro Agronomo Pereira, em Porto Alegre/RS. Para a tabulacao dos dados utilizou-se o programa SPSS-18. Participaram 118 mulheres, 79 homens e um nao respondente, e a faixa etaria mais expressiva foi entre 18 e 29 anos, contabilizando 144 sujeitos. Como razoes para frequentar a EJA, 87 sujeitos apontam a aceleracao dos estudos como principal motivacao, 38 indicam as exigencias do trabalho e 28 sujeitos apontam a incompatibilidade de idade como aspecto que os levaram para EJA. Como fatores de motivacao para continuar os estudos, apontam as relacoes com amigos e professores, o desejo em obter mais conhecimento e, muitos, uma perspectiva de futuro que esta atrelada aos estudos e sua relevância. Ao tratarmos da ideia de tempo, para esses sujeitos, muitos apontam para a continuidade dos estudos como sendo parte das decisoes que se dao com a maturidade, a o qual se denominou momento de inflexao. Assim, nesse momento, esses sujeitos projetam-se a frente, como parte da sua autodeterminacao e eventualmente outros projetos pessoais sao colocados a parte, e as demandas sociais em continuar na escola tornam-se necessarias para planos futuros. Quanto as concepcoes de curriculo versadas pelos respondentes, identificamos tres eixos: um curriculo voltado ao trabalho, um com vies propedeutico e um curriculo voltado a cidadania. Os sujeitos demonstram saber o que buscam e o que necessitam da escola, e tambem apontam para alternativas e espacos de educacao que frequentaram ao longo da vida. Concluimos que dentro do processo de subjetivacao de cada respondente ha uma pluralidade de sentidos para a escola de EJA. Alguns desses sentidos reforcam as funcoes reparadora, equalizadora e de educacao permanente, previstas como politica publica voltada a modalidade EJA. Outros sentidos tem o vies da oportunidade - nao como sendo efeito de um favor que o Estado oferece aos excluidos da escola na idade adequada, mas no sentido de vivenciar o direito de estudar e fazer parte de uma comunidade escolar. Por fim, utiliza-se a metafora da EJA como sendo uma "porta para o futuro", que bem define o sentido da EJA como oportunidade de tentar novamente, de almejar um futuro melhor e de ser a alternativa que restou no momento de inflexao de cada sujeito respondente.
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