Efeitos da temperatura ambiente na mortalidade por infarto agudo do miocárdio

2019 
O infarto agudo do miocardio (IAM) e a principal causa de morte no Brasil. Estudos dos efeitos da temperatura na mortalidade por IAM vem sendo desenvolvidos em diversos paises, mas no Brasil existem poucas investigacoes. Este trabalho objetiva analisar a influencia da temperatura do ar na mortalidade por IAM e o efeito modificador da cobertura de estrategia de saude da familia (ESF) nesta associacao no Brasil. Foram utilizados dados de mortalidade por IAM, cobertura de ESF e populacionais do DATASUS. Dados de temperatura diaria foram obtidos por reanalise (ERA-Interim). Para estudo da tendencia anual de mortalidade por IAM foram feitas correcoes nas taxas de mortalidade por causas mal definidas, codigos-lixo e subregistro. As series temporais foram analisadas utilizando a tecnica de regressao linear segmentada por Jointpoint. Para investigar o efeito da temperatura ambiental na mortalidade por IAM foram considerados os registros diarios de obitos por IAM e de temperatura ambiente utilizando o modelo nao linear de atraso distribuido (DLNM). Para analisar o efeito modificador da Cobertura da ESF na associacao entre temperatura ambiente e mortalidade por IAM foi realizada analise em duas etapas com estimacao do risco relativo em cada microrregiao e depois meta analise e meta regressao por regiao com os dados de Cobertura da ESF. Os resultados mostraram que a mortalidade diminuiu mais no sexo feminino (-2,2%;IC95%:-2,5;-1,9) do que no masculino (-1,7%;IC95%:-1,9;-1,4) e mais nas capitais (-3,8%;IC95%:-4,3;-3,3) do que no interior (-1,5%;IC95%:-1,8;-1,3). Houve aumento para homens residentes no interior do Norte (3,3;IC95%:1,3;5,4) e Nordeste (1,3%;IC95%:1,0;1,6). As regioes Norte e Nordeste nao apresentaram associacao entre temperatura e mortalidade por IAM. A temperatura de menor risco variou entre 22°C e 28°C, respectivamente em Porto Alegre e em Brasilia. As baixas temperaturas associadas ao maior risco de mortalidade foram observadas nas mesmas areas, variando entre 5°C e 15°C. Quanto as altas temperaturas o risco maximo foi observado na temperatura media diaria 31.3°C no Rio de Janeiro. O numero de obitos atribuiveis ao frio foi 597/ano, e os atribuiveis ao calor em media de 117/ano em seis microrregioes estudadas. A regiao Sudeste teve associacao entre temperatura e obitos por IAM no frio extremo (RR:1,28;IC95%:1,23-1,32); frio moderado (RR:1,12; IC95%: 1,08 – 1,15); calor moderado (RR:1,07;IC95%:1,04–1,11) e calor extremo (RR:1,23;IC95%:1,13–1,35). As regioes Sul e Centro-Oeste so tiveram associacao com o frio, com valores de RR maiores para o Sul (frio extremo:1,41;IC95%:1,29–1,54; frio moderado: 1,18;IC95%1.09-1.27) do que para o Centro-Oeste (frio extremo:1,27;IC95%:1,14-1,40; frio moderado: 1,13; IC95%:1,05–1,23). Nao houve modificacao de efeito do nivel de cobertura da ESF na associacao entre temperatura e mortalidade por IAM em nenhuma grande regiao. O Brasil e um pais marcado por desigualdades importantes entre as regioes que aparecem nestes resultados. Com as mudancas climaticas e o aquecimento global os eventos extremos de temperatura estao sendo frequentes impactando na morbimortalidade da populacao e demandando medidas para reduzir este impacto. Este estudo mostra os efeitos da temperatura na mortalidade por IAM e alerta para necessidade de capacitar os servicos de atencao primaria para lidar com este fator de risco.
    • Correction
    • Source
    • Cite
    • Save
    • Machine Reading By IdeaReader
    0
    References
    0
    Citations
    NaN
    KQI
    []