Comportamento e ecotoxicologia de pesticidas em solos do Cerrado

2019 
A utilizacao intensiva e muitas vezes irracional de pesticidas pode resultar em problemas ambientais, tais como contaminacao das aguas, do solo, do ar e alimentos, alem da possibilidade de efeitos adversos em organismos nao alvo. As caracteristicas quimicas e fisicas do solo, bem como as condicoes climaticas e propriedades fisico quimicas dos pesticidas, influenciam fortemente o comportamento dos mesmos no solo. Essa dinâmica ambiental pode influenciar significativamente as concentracoes encontradas no ambiente e, consequentemente, a intensidade com que os pesticidas afetam os organismos nao alvo. Em funcao disso, torna-se importante o estudo sobre as interacoes pesticida-solo-ambiente em solos tropicais. Avaliou-se em um experimento a sorcao-dessorcao e a lixiviacao do herbicida mesotriona em um Neossolo Quartzarenico com diferentes historicos de aplicacao de dejeto liquido de suino. Em outro experimento, foram avaliados em laboratorio os efeitos do imidacloprido no comportamento de fuga e na reproducao de minhocas (Eisenia andrei) e colembolos (Folsomia candida), em solos de textura contrastante do Cerrado brasileiro (Latossolo Vermelho distroferrico e Neossolo Quartzarenico ortico tipico). Para o ensaio de comportamento de mesotriona foram utilizados solos sem aplicacao e com 01, 05 e 12 anos de historico de aplicacao de dejetos, em tres profundidades (0-10, 10-20 e 20-30 cm). Os valores de Kf para a sorcao variaram de 0,08 a 3,14, sendo que os maiores valores foram encontrados nos tratamentos com 01 ano de aplicacao de DLS. Quanto a dessorcao, os valores de Kf variaram de 1,28 a 5,26. A maior lixiviacao ocorreu no solo sem adicao de DLS, em que 13,43% do herbicida aplicado foi lixiviado ao longo da coluna, explicado principalmente pelo pH mais elevado deste solo, evidenciando que a mesotriona possui potencial de lixiviacao. No solo com 1 ano de aplicacao de DLS, ocorreu a menor lixiviacao de mesotriona. Com relacao aos ensaios de ecotoxicologia do imidacloprido, comportamento de fuga foi observado para os colembolos, sendo mais expressivo (ate 75% de fuga) no solo argiloso. No solo arenoso, apenas nas duas maiores concentracoes testadas foi observada a fuga (ate 63% de fuga). Nas minhocas, foi observado o comportamento de fuga acima de 80%, nos dois solos, em todas as concentracoes testadas, demonstrando a perda de funcao de habitat em ambos os solos e evidenciando a ecotoxicidade do imidacloprido para esses organismos. Ja na reproducao de colembolos, os valores de CE50 obtidos no solo argiloso foram de 0,255 mg kg-1, enquanto para o solo arenoso esse valor foi menor (0,015 mg kg-1), demonstrando maior sensibilidade dos organismos ao segundo solo testado. A grande diferenca entre os solos pode ser explicada pelas propriedades do solo, indicando baixa capacidade de retencao do contaminante no solo arenoso, aumentando sua disponibilidade no solo. Conclui-se entao que o pH do solo foi fator determinante no comportamento da mesotriona, que a adicao de DLS favoreceu a sorcao da mesotriona, diminuindo a mobilidade da mesma, e que o imidacloprido e altamente toxico para os invertebrados do solo, causando a fuga e inibindo a reproducao desses organismos.
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