Dependência na duração dos ciclos de negócios brasileiros: uma análise para os anos 1947-2017
2020
O presente trabalho tem como objetivo investigar se ha dependencia na duracao dos
ciclos de negocios do Brasil. Este conceito se relaciona com a hipotese de que a medida em
que as fases do ciclo se tornam mais longos, suas probabilidades de chegar ao fim podem
aumentar (dependencia positiva) ou diminuir (dependencia negativa). Para tanto, e construida
uma serie do produto trimestral que cobre o periodo entre 1947-2017, utilizando tres
diferentes fontes de dados. Esta e submetida ao algoritmo BBQ (HARDING e PAGAN,
2003), para realizar a identificacao de picos (pontos de maximo) e vales (pontos de minimo) e
obter a datacao das expansoes, recessoes e ciclos completos. Alternativamente, adota-se
tambem a abordagem de ciclos de crescimento, que trata as fases em termos de desvios da
tendencia de crescimento, utilizando o filtro HP (HODRICK e PRESCOTT, 1997). Os testes
de dependencia na duracao sao realizados por duas abordagens: i) um modelo logit
desenvolvido a partir de Ohn, Taylor e Pagan (2004), estimado para as series binarias de falha
e duracao das recessoes e expansoes; ii) analise de sobrevivencia atraves da funcao de risco de
Weibull, sugerida por Castro (2010), aplicada as recessoes, expansoes e ciclos completos. Os
resultados das estimacoes logit apontam para a presenca de dependencia positiva na duracao
das recessoes e expansoes em termos de desvios da tendencia, com ciclos de duracao media
de aproximadamente tres anos. Ademais, detectou-se dependencia positiva nas expansoes
apos 1980 com a tecnica de datacao BBQ. Os resultados da analise de sobrevivencia indicam
dependencia positiva na duracao dos ciclos completos (datacao BBQ) e em menor nivel nas
expansoes, com ciclos de duracao media de aproximadamente seis anos. Para os ciclos em
termos de desvios, ha indicios de dependencia positiva para as recessoes, expansoes e ciclos
completos. Tais resultados implicam que fases mais longas dos ciclos brasileiros possuem
maior probabilidade de acabar, o que pode contribuir para a antecipacao de elaboracao de
politicas anticiclicas de suavizacao da fase seguinte, a medida em que a fase ultrapassa sua
duracao media esperada. Por outro lado, e pouco provavel que uma fase chegue ao seu fim
pouco tempo apos seu comeco, o que requer maior atencao para variaveis como desemprego e
queda na atividade durante fases de desaceleracao e o aumento da inflacao em expansoes, pois
estes efeitos podem perdurar alem de um curto espaco de tempo.
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