ABSTRACT The planting of non‐timber forest products (NTFPs) in the understory of tropical forests is promoted in many regions as a strategy to conserve forested lands and meet the economic needs of rural communities. While the forest canopy is left intact in most understory plantations, much of the midstory and understory vegetation is removed in order to increase light availability for cultivated species. We assessed the extent to which the removal of vegetation in understory plantations of Chamaedorea hooperiana Hodel (Arecaceae) alters understory light conditions. We also examined how any changes in light availability may be reflected by changes in the composition of canopy tree seedlings regenerating in understory plantations. We employed a blocked design consisting of four C. hooperiana plantation sites; each site was paired with an adjacent, unmanaged forest site. Hemispherical canopy photographs were taken and canopy tree seedlings were identified and measured within 12 3 × 2 m randomly placed plots in each site for a total of 96 plots (4 blocks × 2 sites × 12 plots). Plantation management did not affect canopy openness or direct light availability but understory plantations had a higher frequency of plots with greater total and diffuse light availability than unmanaged forest. Comparisons of canopy tree seedling composition between understory plantations and unmanaged forest sites were less conclusive but suggest that management practices have the potential to increase the proportion of shade‐intolerant species of tree seedlings establishing in plantations. Given the importance of advanced regeneration in gap‐phase forest dynamics, these changes may have implications for future patterns of succession in the areas of forest where NTFPs are cultivated.
O artesanato de hastes florais de capim-dourado Syngonanthus nitens, Eriocaulaceae) costuradas com as fibras de folhas-jovens de buriti (Mauritia flexuosa, Arecaceae) tornou-se símbolo da região do Jalapão e mesmo de todo o estado de Tocantins na última década. Além do extrativismo vegetal, esta importante atividade econômica envolve o uso do fogo para o estímulo da floração do capim-dourado. Este artigo sintetiza resultados de estudos etno-ecológicos desenvolvidos em cooperação com comunidades rurais e gestores ambientais do Jalapão entre 2002 e 2011. Os estudos centraram-se nos efeitos do extrativismo de hastes de capim-dourado e folhas-jovens de buriti nas populações destas espécies, bem como nos efeitos do uso do fogo para o manejo dos campos úmidos de colheita de capim-dourado. Conforme relatado por extrativistas experientes, queimadas bienais estimulam a floração, ou seja, a produção de hastes do capim-dourado. Além disto, simulações numéricas indicam que queimadas bienais são ideais para o crescimento populacional de capim-dourado em longo prazo. Intervalos de queima mais longos, apesar de não estimularem a floração, não prejudicam as populações desta espécie. As populações de capim-dourado são muito resistentes a queimas, no entanto, apresentaram flutuações anuais significativas em resposta a variações também anuais na precipitação durante o período chuvoso. Estas características são provavelmente compartilhadas por outras dezenas de espécies vegetais dos campos úmidos. A colheita de hastes de capimdourado após 20 de setembro, como determinado por legislação estadual em Tocantins, não tem efeitos negativos sobre os indivíduos tampouco sobre as populações de capim-dourado. A colheita de folhas-jovens de buriti para a obtenção das fibras utilizadas para costurar o capim-dourado não causam efeitos negativos em indivíduos e populações de buriti, na intensidade praticada no Jalapão. A legislação atual é adequada a todo o estado do Tocantins, pois previne a colheita precoce de capim-dourado, que é extremamente prejudicial à conservação da espécie. Ações para prevenção da colheita precoce devem envolver educação ambiental e fiscalização. Como forma de reduzir a incidência de incêndios de grande extensão na região deve-se capacitar os moradores locais para o uso controlado do fogo. Queimadas controladas nos campos úmidos devem ser feitas com extremo cuidado para evitar incêndios em fisionomias sensíveis ao fogo, como as áreas de ocorrência de buriti. Palavras-chave: extrativismo; gestão de recursos naturais; produtos da biodiversidade; produtos florestais não-madeireiros; uso sustentável.